Horizonte
O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa –
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.
Fernando Pessoa
- A definição do sonho como impulso para conhecer o longe - metáfora do Desconhecido. A necessidade de vencer o medo... Ir mais além, buscar além do horizonte: a nau (segurança que permite realizar a travessia dos mares - e da existência - chegando ao Horizonte lonquínquo mas belo); a árvore (renovação, vida em evolução), a praia (liberdade, os novos horizontes mais amplos), a flor (amor, harmonia), a ave (mundo divino), a fonte (a origem da vida)...
Buscar a Verdade dentro desses valores espirituais.
1. O tema do texto é o sonho. O eu poético ao definir o sonho como algo «invisível» remete-nos para o distante a que um sonho nos projecta, daí usar o substantivo «Horizonte». Horizonte - Surge como um espaço ilimitado e longínquo do projecto ou do sonho que os portugueses procuram alcançar.
2. Este texto possui duas partes distintas. A primeira corresponde às duas primeiras estrofes. Nelas, o sujeito poético fala-nos de …
No poema existe uma evocação ao mar e ao seu domínio, mais precisamente à época dos descobrimentos: - Invocação ao mar, espaço por descobrir; o caminho da viagem; - A visão e a descoberta de um mundo novo a dominar;
3. Ignorância, desconhecido, …