quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Uma leitura de «Horizonte»

Horizonte

O mar anterior a nós, teus medos

Tinham coral e praias e arvoredos.

Desvendadas a noite e a cerração,

As tormentas passadas e o mistério,

Abria em flor o Longe, e o Sul sidério

'Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa –

Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta

Em árvores onde o Longe nada tinha;

Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:

E, no desembarcar, há aves, flores,

Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis

Da distância imprecisa, e, com sensíveis

Movimentos da esp'rança e da vontade,

Buscar na linha fria do horizonte

A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –

Os beijos merecidos da Verdade.

Fernando Pessoa

- A definição do sonho como impulso para conhecer o longe - metáfora do Desconhecido. A necessidade de vencer o medo... Ir mais além, buscar além do horizonte: a nau (segurança que permite realizar a travessia dos mares - e da existência - chegando ao Horizonte lonquínquo mas belo); a árvore (renovação, vida em evolução), a praia (liberdade, os novos horizontes mais amplos), a flor (amor, harmonia), a ave (mundo divino), a fonte (a origem da vida)...

Buscar a Verdade dentro desses valores espirituais.

1. O tema do texto é o sonho. O eu poético ao definir o sonho como algo «invisível» remete-nos para o distante a que um sonho nos projecta, daí usar o substantivo «Horizonte». Horizonte - Surge como um espaço ilimitado e longínquo do projecto ou do sonho que os portugueses procuram alcançar.

2. Este texto possui duas partes distintas. A primeira corresponde às duas primeiras estrofes. Nelas, o sujeito poético fala-nos de …

No poema existe uma evocação ao mar e ao seu domínio, mais precisamente à época dos descobrimentos: - Invocação ao mar, espaço por descobrir; o caminho da viagem; - A visão e a descoberta de um mundo novo a dominar;

3. Ignorância, desconhecido, …