segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Felizmente há Luar.

Sinopse

Denunciando a injustiça da repressão e das perseguições políticas levadas a cabo pelo Estado Novo, a peça Felizmente Há Luar!, publicada em 1961, esteve proibida pela censura durante muitos anos. Só em 1978, foi pela primeira vez levada à cena no Teatro Nacional, numa encenação do próprio Sttau Monteiro.

Esta é uma peça escrita durante o regime Salazarista. No entanto, a sua representação só viria a ser possível após o 25 de Abril de 1974 por ter sido, até aí, proibida pela censura. Nesta obra, o autor faz um retrato da sociedade portuguesa no início do séc.XIX, mais precisamente em 1817, após as invasões francesas, quando o inglês William Beresford era, além de comandante-chefe do exército, o verdadeiro regente de Portugal. O autor faz uma comparação dessa época com os anos em que ele escreveu esta peça, anos 60, em que também predominavam a repressão e a desigualdade.

A acção da peça gira em torno da perseguição aos denominados mártires da liberdade, que falharam o seu objectivo de instituir uma monarquia constitucional, evidenciando principalmente a condenação à morte do general Gomes Freire de Andrade, acusado de conspirar contra a monarquia absoluta, e as tentativas frustradas de Matilde, sua esposa, para o salvar.

Eu sou um homem de teatro concreto, real, de palco. Para mim, o teatro surge quando está no palco, quando estabelece uma relação social, concreta, num povo e num grupo. O livro meramente, ou o texto, tem para mim muito pouco significado, apesar de eu ser um autor teatral. (...) Se vocês são o teatro do futuro, eu sou o do passado. Eu sou um homem para quem só conta o espectáculo. Luís Sttau Monteiro

Paralelismo Histórico

1817

- hipocrisia da sociedade

- povo oprimido e resignado

- clima de suspeição e denúncia

- luta contra o regime absolutista

- passividade e obscurantismo

- regime absolutista e tirânico

1961

- denúncia da hipocrisia social

- povo oprimido e explorado

- clima de medo e denúncia

- luta contra o regime ditatorial e totalitário

- ignorância e revolta

- regime ditatorial

Paralelismo passado/ Condições históricas dos anos 60: denúncia da violência

Tempo da história – Séc. XIX

Tempo da escrita – Séc. XX

- Agitação social que levou à revolta liberal de 1820 – conspirações internas, revolta contra a presença da corte no Brasil e a influência do exército britânico;

- Agitação social dos anos 60 – conspirações internas; principal irrupção da guerra colonial;

- Regime absolutista e tirânico;

- Regime ditatorial de Salazar;

- Classes sociais fortemente / hierarquizadas;

- Classes dominantes com medo de perder privilégios;

- Maior desigualdade entre abastados e pobres;

-Classes exploradoras, com reforço do seu poder;

- Povo oprimido e resignado;

- A miséria, o medo e a ignorância;

- Obscurantismo, mas “Felizmente há Luar”;

- Povo reprimido e explorado;

- Miséria, medo e analfabetismo;

- Obscurantismo, mas crença nas mudanças;

- Luta contra a opressão do regime absolutista;

- Manuel, “o mais consciente dos populares”, denuncia à opressão e a miséria;

- Luta contra o regime totalitário e ditatorial;

- Agitação social e política c militantes antifascistas a protestarem;

- Perseguições dos agentes de Beresford;

- As denúncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento que, hipócritas e sem escrúpulos, denunciam;

- Censura à imprensa;

- Perseguições da PIDE;

- Denúncias dos chamados “bufos”, que surgem na sombra e se disfarçam, para colher informações e denunciar;

- Censura;

- Severa repressão dos conspiradores;

- Processos sumários e pena de morte;

- Prisão e duras medidas de repressão e de tortura;

- Condenação em processos sem provas;

- Execução do general Gomes Freire, em 1817.

- Posterior a “Felizmente há Luar” – Execução do general Humberto Delgado, em 1965.

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